PESQUISA SOBRE A TROÇA O MORTO CARREGANDO O VIVO GANHA DESTAQUE NO DIÁRIO DE PERNAMBUCO



Produtor pesquisa folguedo O morto carregando o vivo
DIÁRIO DE PERNAMBUCO - Edição de sábado, 7 de abril de 2007 
Cultura popular :Único grupo a manter a tradição em Limoeiro faz apresentação hoje Tatiana Meira Da equipe do Diário de Pernambuco


ÚNICO GRUPO A MANTER A TRADIÇÃO EM LIMOEIRO FAZ APRESENTAÇÃO

Se não fosse pela iniciativa de pesquisadores como o produtor cultural Fábio André, de Limoeiro, algumas de nossas manifestações folclóricas mais singulares estariam perdidas no tempo e no espaço. Defensor da cultura de sua cidade natal, a 87 quilômetros do Recife, ele acaba de escrever uma micro-monografia sobre um dos folguedos característicos da localidade, O morto carregando o vivo, que existe desde a década de 1960. Mais comum durante o carnaval, a tradição se estende à Semana Santa, pois O morto é levado às principais ruas da área periférica de Limoeiro, no sábado e no domingo de Páscoa. "Pesquisei em livros de Hermilo Borba Filho e Ascenso Ferreira. Também entrevistei pessoas da comunidade sobre o tema. Chegou a um ponto em que eles me procuravam para repassar novas informações", conta Fábio André.

Neste sábado, a partir das 16h, O morto carregando o vivo será apresentado na Praça da Bandeira, depois de um grupo de bumba-meu-boi. "Hermilo Borba Filho, no livro Apresentação do Bumba-meu-boi, conclui que o-morto-carregando-o-vivo era um personagem do bumba. E aqui em Limoeiro existe apenas um grupo que mantém esta resistência, organizado por Valter Bezerra, o Libório, e vivido por um homem chamado Lê", revela o pesquisador.

E no que consiste o folguedo de nome curioso, afinal? Um ator, mascarado, traz um boneco amarrado a seu corpo com o tronco ficando na parte da frente e as pernas, atrás, dando a impressão de que um ser animado carrega o outro, inanimado. Ele é seguido por uma bandinha, formada por tarol, flauta tranversal, como elementos fundamentais da sonoridade, e também o bombo. E ainda por um grupo de passistas. "A banda antigamente era mais ligada ao coco e ao grupo de Zé de Teté. Hoje, a música tocada é mais associada ao frevo", compara Fábio André.

Outra inovação da manifestação folclórica é o nascimento do mortinho, criado por Libório, que tem 25 anos e trabalha na feira de Limoeiro, sendo o responsável pelo folguedo há quatro anos. "Uma criança de uns oito anos fica dentro de uma caixa grandee o grupo vai acompanhando o trajeto. Num dado momento, as pessoas batem palmas e a criança sai da caixa e começa a dançar", descreve. Também é interessante notar que, décadas atrás, O morto usava uma meia com pintura no rosto, enquanto hoje são utilizadas máscaras.

O nome O morto carregando o vivo teria surgido quando, ao final de uma noite de farra, dois amigos que beberam muita cachaça saíram do boteco tão embriagados, que um mal conseguia segurar o outro. "É uma representação teatral, mesmo que não tenha a dramaticidade, a técnica aperfeiçoada. O que achei mais impressionante é que as pessoas que querem fazer o folguedo pedem autorização aos mais velhos e ainda realizam a primeira apresentação em frente à casa deles. É um respeito à tradição", depõe Fábio André, que está garimpando fotografias antigas do folguedo. Quem quiser entrar em contato com ele, pode escrever para o email fabioandre.limoeiro@hotmail.com .
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